Embora a história oral nigeriana seja rica em mitos e lendas que refletem os valores, crenças e medos da sociedade, “O Bolão das Árvores de Kola” destaca-se pela sua mensagem poderosa sobre a ganância e as consequencias inesperadas de desejar o que não nos pertence.
Esta narrativa, transmitida oralmente por gerações, transporta-nos para a Nigéria do século XIII, um período em que o reino de Oyo florescia com a sua cultura vibrante e economia próspera. No coração desta história encontramos três amigos: Adeola, um camponês trabalhador; Olufemi, um artesão habilidoso; e Olumide, um comerciante astuto.
A amizade entre os três era inabalável até que um evento inusitado colocou à prova a sua lealdade. Um dia, enquanto caminhavam por uma floresta densa, depararam-se com um pé de kola gigantesco, carregado de frutos suculentos e brilhantes.
Em tempos antigos, as árvores de kola eram consideradas sagradas na cultura yorubá, símbolo de prosperidade e conexao com os ancestrais. Os seus frutos, usados em cerimónias religiosas e oferendas, representavam a bondade da terra e a união entre o mundo físico e espiritual.
Para Adeola, Olufemi e Olumide, o pé de kola era uma oportunidade de ouro. A sua abundância prometia riqueza e conforto para as suas famílias.
No entanto, a ambição de Olumide, sempre ávido por ganhos rápidos, despertou um plano ardiloso. Ele propôs aos seus amigos que comprassem o pé de kola de um espírito ancestral que o protegia. Olumide jurou que podia negociar com o espírito e obter a árvore a um preço baixo.
Adeola e Olufemi, embora hesitantes, cederam à promessa de riqueza e seguiram Olumide em sua busca pelo espírito ancestral. Após uma jornada desafiadora através de trilhas sinuosas e rios turbulentos, chegaram a uma clareira onde o espírito da floresta residia em forma de um sábio velho com olhos penetrantes.
Olumide, usando palavras doces e falsas promessas, tentou persuadir o espírito a vender-lhe o pé de kola por uma soma simbólica. O espírito ancestral, porém, percebeu a ganância que se escondia no coração de Olumide.
Em vez de ceder às suas petições, o espírito lançou um desafio aos três amigos: cada um teria que plantar uma semente do fruto da árvore de kola. A semente que crescesse mais forte e produtiva seria a chave para obter a posse do pé gigante.
Amigo | Semente Plantada | Resultado |
---|---|---|
Adeola | Semente plantada em terra fértil, cuidada com amor | Árvore frondosa, cheia de frutos |
Olufemi | Semente plantada numa área seca, regada com água da chuva | Árvore pequena, com poucos frutos |
Olumide | Semente jogada ao acaso, sem cuidado ou atenção | Semente não germinou |
Adeola, movido por honestidade e trabalho árduo, cultivou a sua semente com cuidado e dedicação. Olufemi, embora menos dedicado, ainda reconheceu o valor da oportunidade e plantou sua semente com responsabilidade. Olumide, porém, guiado pela sua ambição desenfreada, negligenciou a tarefa e jogou a semente ao acaso.
Os resultados foram evidentes: Adeola colheu uma árvore exuberante carregada de frutos, enquanto Olufemi obteve uma árvore menor mas ainda produtiva. A semente de Olumide, porém, não germinou.
O espírito ancestral declarou que o pé de kola gigante pertenceria a Adeola, recompensando sua honestidade e trabalho árduo. Olufemi, apesar de não ter conseguido a árvore maior, ainda teria acesso aos frutos da sua pequena plantação.
Olumide, por outro lado, ficou vazio-de-mãos. A sua ganância e desrespeito pela natureza levaram à sua ruína.
“O Bolão das Árvores de Kola”: Uma Lição sobre a Importância da Honestidade e Trabalho Duro
Esta história é um lembrete poderoso de que a verdadeira riqueza não se mede em ouro ou posses materiais, mas sim em valores como honestidade, trabalho árduo e respeito pela natureza. A ambição desenfreada, por outro lado, pode levar à destruição e ao vazio interior.
Ao contar esta história aos seus descendentes, os nigerianos transmitem valores importantes sobre a ética de trabalho e a importância da integridade.
“O Bolão das Árvores de Kola” nos convida a refletir sobre as nossas próprias motivações e aspirações: Será que estamos buscando riqueza pelo bem-estar individual ou pelo benefício de toda a comunidade? Será que honramos a natureza ou apenas exploramos os seus recursos para o nosso próprio ganho?
Em última análise, esta história é um chamado à ação para construirmos um mundo mais justo e sustentável, onde o valor humano prevaleça sobre a busca desenfreada por poder e riqueza material.